sábado, 12 de dezembro de 2009

Animais (Ir)racionais

Postado por Lu às 10:22

Homem é razão e mulher é emoção. São inúmeras as pesquisas “científicas” que tentam comprovar essa falácia, que relega às mulheres o lugar secundário na escala evolutiva e intelectual. Ainda tem muita gente que concorda com isso, como se chorar fosse a única forma de demonstrar emotividade. E “homens não choram”. A eles foi permitida (ou imposta) outra forma de se expressar: a agressividade.


Curiosamente, a raiva expressa em palavras e gestos (pancadas) não costuma ser associada à emoção ou à falta de racionalidade. Na verdade, ser agressivo é considerado (por muitos) como algo natural, inerente ao sexo masculino – heterossexual, de preferência. De fato é muito cômodo jogar tudo nas costas de um destino inevitável, sem se preocupar com o auto-controle, também ensinado em nossa sociedade contraditória. A grande ironia é que os homens, vistos como mais racionais, sucumbem ao poder de sua “natureza” agressiva, tão emotiva quanto a de crianças que não sabem perder, nem dividir.


O futebol é uma fonte inesgotável de exemplos que mostram como o homem racional pode se tornar um neandertal, com direito a porrete na mão. O Campeonato Brasileiro recém acabado foi um show de horrores nesse sentido, principalmente nas semanas finais. Jogadores trocando sopapos em campo e nos treinos, torcedores agredindo jogador no meio da rua porque este não faz mais gols. E, por fim, torcidas organizadas da barbárie. Uma, do Coritiba – agora na segunda divisão, que invadiu o campo, enfrentou policiais e tentou bater em todo mundo que poderia ser visto como “culpado” pela derrota. A outra, do Flamengo - campeão deste ano, que surpreendentemente espancou torcedores do mesmo time, paralelamente à festa do título.


Duas pontas de um mesmo problema, muito mais relacionado ao modelo hegemônico e esmagador de masculinidade “ideal” (o homem com H maiúsculo) do que ao excesso de testosterona. Enquanto o futebol é coisa de “macho”, em que mulheres e homossexuais só servem como ofensa e chacota, a “racionalidade da pancada” parece perdurar. E o mais duro, além de ver gente se matando por um jogo que em nada muda a vida dos torcedores, é continuar ouvindo a balela de que racionais mesmo são eles.

2 comentários:

Bigode on 12 de dezembro de 2009 às 12:12 disse...

Mais uma vez, não tiro nem uma vírgula do seu texto. Sou homem, sim, mas me esforço para não entrar no jogo fácil de corresponder ao que se espera de racionalidade masculina: macheza, agressividade, imbecilidade gratuitas e desnecessárias. Mas ainda falta muito para que não só os homens, no geral, enxerguem que o problema não está nos hormônios ou no saco, mas também as mulheres precisam enxergar que nem sempre é vantajoso ter como companhia um cara forte, másculo, mas ogro. Continue assim (com o blog, digo)!

Márcia Oliveira on 17 de janeiro de 2010 às 10:03 disse...

Adorei teu blog, é minha primeira vez por aqui e estou te seguindo aqui!!bj de luz no coração!!Quando puder passa lá no meu blog,www.maolideias.blogspot.com

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